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O Desenvolvimento do Pressuposicionalismo de Van Til na
Prática Apologética de Greg Bahnsen
No começo do século 20, a apologética cristã recuperou sua objetividade e aproximou-se mais da
consistência teológica por meio da obra de Cornélius Van Til. Com base na antropologia de Romanos 1 e a
epistemologia revelacional de João Calvino, Van Til lembrou a igreja que o empreendimento apologético
deve considerar seriamente a queda do homem e a função condenatória da revelação natural. O problema
fundamental do incrédulo não é ignorância, mas rebelião. O encontro com a incredulidade, portanto, deve
expor e desafiar as pressuposições rebeldes do incrédulo. O fracasso em fazer isso obscurece a clareza,
necessidade e a total suficiência da Escritura. E nega o Senhorio abrangente de Jesus Cristo,
especialmente na esfera do conhecimento. Qualquer método de apologética que falhe em enfatizar a
certeza absoluta da cosmovisão cristã revelada na Escritura enfraquece as reivindicações do evangelho e
rende-se à lógica e ciência incrédula, as quais elas mesmas manifestam as consequências da incredulidade
e devem ser reformadas à luz da Palavra de Deus.
Dessa forma, Van Til insistia que a apologética cristã deve proceder em duas frentes. Negativamente — e
essa era a ênfase primária de Van Til, embora não exclusiva — a apologética cristã deve demonstrar a
impossibilidade absoluta de alcançar objetividade, certeza e verdade em termos da cosmovisão do
incrédulo, seja qual forma ela tomar. Deus tornou louca a sabedoria deste mundo, e essa loucura tem
consequências devastadoras para o homem em toda área, intelectual bem como espiritualmente.
Positivamente, o apologista deve defender sem constrangimento a verdade e certeza absoluta da
cosmovisão cristã, pois Deus, Sua revelação, e a pessoa e obra de Jesus Cristo são os fundamentos do
conhecimento em toda esfera. Aprova positiva e incontestável de Van Til para a existência de Deus é que
sem Ele, ninguém pode provar coisa alguma. De fato, o incrédulo pressupõe a existência de Deus e a
verdade de Sua Palavra, mesmo que a cada passo ele negue isso e procure estabelecer e preservar sua
autonomia. A incredulidade deve acontecer no mundo de Deus; isso é inevitável.
Ensinando por exemplo
Greg Bahnsen fez mais do que qualquer outra pessoa no século 20 para popularizar, explicar e aplicar o
método de Van Til. Ele reconheceu que o estilo de escrita de Van Til era frequentemente obtuso e difícil
para aqueles não versados nos principais movimentos da filosofia ocidental. Além disso, Van Til não era
um sistematizador, posto que não produziu um volume único no qual cada faceta do seu método
apologético, respostas a críticos, e fundamentos exegéticos foram cuidadosamente definidos. Esse foi
um aspecto importante da vida e obra de Greg Bahnsen. Ele produziu inúmeros livros, ensaios, palestras
gravadas e séries nas quais ele forneceu os fundamentos exegéticos específicos do que veio a ser
chamado "apologética pressuposicional". Por meio dos seus debates públicos, ele demonstrou aos seus
estudantes que o método de Van Til não somente era funcional, mas também eficaz em demolir todo
pensamento levantado em oposição a Jesus Cristo. Esses são aspectos bem conhecidos do seu legado e
as gerações subsequentes entenderão e apreciarão Van Til por meio das contribuições do seu talentoso
aluno. Greg Bahnsen também enfatizou certos aspectos práticos, todavia frequentemente negligenciados,
ou implicações da apologética pressuposicional.
Atarefa mais difícil do apologista cristão
Primeiro, contra a tendência de ver a apologética pressuposicional de maneira simplista, como se
houvesse uma fórmula para o sucesso apologético fácil, Bahnsen lembra aos seus estudantes que seu
método na verdade leva seus adeptos ao trabalho duro e análise cuidadosa. "Respondendo o tolo de
acordo com sua tolice" requer estudo paciente dos sistemas incrédulos, de forma que sua "tolice" (i.e.,
consequências filosóficas e morais devastadoras) possa ser entendida e exposta. Visto que a apologética
é essencialmente a confrontação de sistemas opostos, o crente deve buscar entender o sistema inteiro
adotado pelo incrédulo, não simplesmente pequenos pedaços. O coração do homem é enganosamente
perverso, e ele buscará muitos esconderijos para sua incredulidade, os quais devem ser investigados e
entendidos à luz do sistema total do qual eles são parte. É somente assim que o tolo pode ser exposto
completamente e as reivindicações de Cristo pressionadas sobre ele de maneira abrangente. Por seu
exemplo pessoal e encorajamento, Greg Bahnsen chamou seus estudantes a dominar os sistemas
concorrentes de pensamento, pois somente assim evitaremos pensar que a apologética é "fácil" ou
"formulática".
A atitude humilde do apologista cristão
Segundo, Greg Bahnsen encorajava humildade. Um dos seus temas constantes era que o apologista
cristão deve lembrar que ele tinha recebido entendimento pela graça. Portanto, ele não deve se engajar na
apologética como um intelectual estridente, mas como um discípulo humilde de Jesus Cristo. Além disso,
porque somente a graça, dada por meio da obra regeneradora do Espírito Santo, realiza a conversão, o
crente deve depender última e constantemente da obra do Espírito no incrédulo para trazê-lo à fé em
Jesus Cristo. Isso preserva o apologista de pensar que ele pode trazer o incrédulo para o reino de Deus
simplesmente "argumentando". Visto que a fé em Cristo é o objetivo do encontro apologético, a
dependência da graça soberana impede o apologista cristão de ver o encontro como uma oportunidade
para demonstrar sua superioridade intelectual, que frequentemente ele não possui. Céu ou inferno é a
questão em jogo, não domínio intelectual. Ao mesmo tempo, dependência da graça do Espírito Santo não
torna supérflua a argumentação humilde. Porque "responder ao tolo" é uma ideia totalmente bíblica, o
Espírito Santo frequentemente usa o aspecto negativo da apologética para trazer o incrédulo a um
reconhecimento da futilidade da vida à parte da fé no Deus trino de Escritura. Embora a apologética
pressuposicional seja frequentemente caricaturada como obscurantista, arrogante ou hiper-intelectual,
entendida apropriadamente, ela gera mansidão, simpatia pessoal, e paciência em buscar ganhar o incrédulo
para Cristo.
A reivindicação abrangente do apologista cristão
Terceiro, Greg Bahnsen enfatizava fortemente o aspecto positivo da apologética cristã. A redução da
cosmovisão do incrédulo ao absurdo limpa o terreno para o evangelho, mas não ergue a estrutura. O
evangelho cristão deve ser visto em todo o seu poder e glória salvadora, não somente como o caminho
para o perdão dos pecados e a obtenção da justiça por meio da fé na obediência e sacrifício de Jesus;
mas também como uma revelação de Deus que preserva o conhecimento para o homem, fornece um
fundamento para a cultura humana, e dirige o homem à única fonte de orientação ética. Isso deve ser
demonstrado por argumentação cuidadosa, não simplesmente colocada como uma reivindicação de fé ou
encorajada como um caminho para a satisfação psicológica. Aapologética cristã não é meramente um
trator que demole toda fortaleza de incredulidade; ela também funciona como o arquiteto que ergue a
cidade de Deus firmemente sobre o fundamento da revelação de Deus na Escritura. Esse aspecto positivo
da apologética é especialmente importante no clima pós-moderno, pois o pluralista se unirá ao apologista
cristão afirmando muitas de suas críticas da filosofia moderna e a natureza pressuposicional do
pensamento humano. Se nos focarmos somente no negativo, não teremos demonstrado a verdade da
cosmovisão cristã. Podemos de fato confirmar o relativista radical em suas trevas se falharmos em
pressionar sobre ele que nem todos os sistemas de pensamento são falidos e tendenciosos; nem todos
os círculos de raciocínio são viciosos. Ele pode não abraçar o evangelho, mas ele deve ser confrontado
com a reivindicação e demonstração da reivindicação que o Cristianismo somente resgata o homem do
relativismo, do preconceito e do caos.
Um desafio final
Embora esses não sejam o único legado de Greg Bahnsen, o trabalho duro, graça e humildade, e
demonstração positiva são três aspectos distintivos de sua abordagem da apologética pressuposicional.
Defensores do pressuposicionalismo fariam bem em prestar atenção a eles. Atarefa de desenvolver uma
apologética abrangente, bíblica e que honra a Cristo não está completada. O fundamento foi lançado por
Van Til e melhorado por Greg Bahnsen, mas é a tarefa de toda geração construir sobre o fundamento de
seus pais; não devemos rejeitar suas contribuições por serem incompletas e imperfeitas, mas sim
permanecer sobre os ombros deles e continuar a grande obra de apresentar, defender e persuadir os
homens de que Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida em toda área da investigação humana,
decisão moral e busca espiritual.